O JAC J2 foi um um subcompacto de cara simpática e dimensões bem reduzidas vendido pela JAC Motors aqui no Brasil por alguns anos.
Ele tinha uma proposta bem diferente do habitual para um carro essencialmente urbano. O JAC J2 surgiu na China em 2010 e aqui no Brasil em 2012.
Ele foi uma proposta que atendeu bem ao propósito de oferecer um carro urbano e descolado, fácil de estacionar e ágil ao rodar.
Aqui no Brasil, a SHC, representante da JAC Motors, decidiu que o modelo ficaria melhor com um motor mais forte, um 1.4 de mais de 100 cavalos, algo inusitado numa faixa onde a concorrência nem chegava a 80 cavalos.
Como o menor carro da JAC Motors, o JAC J2 evoluiu, ganhou facelift e influência brasileira em seu projeto chinês, inclusive até em termos de nomenclatura. Além disso, o produto acabou por gerar uma versão aventureira e com ela, um equivalente elétrico, o iEV4, que você vê na foto acima.
Hoje, o JAC J2 não está mais disponível no mercado brasileiro. A SHC até tentou trazer sua versão aventureira, que aqui seria chamada T20, mas por conta da alta do dólar e dos custos no geral, a ideia acabou por terra.
JAC J2 – o início
A JAC Motors era bem conhecida na China, antes de 2010, pela família de carros compactos que aqui ficou conhecida como JAC J3.
Então, utilizando uma plataforma menor, porém, mais moderna, criou um carrinho para servir aos consumidores em busca de um popular urbano.
A fórmula era introduzir uma cabine com bom espaço, cofre do motor reduzido e porta-malas apenas para poucas compras.
A ideia de segundo carro também foi aplicada como marketing em alguns mercados e também atendia aos solteiros e casais sem filhos.
No Brasil, muitos compraram para dar aos filhos estudantes. Prático, o JAC J2 tinha dimensões bem reduzidas, medindo 3,535 m de comprimento, 1,640 m de largura, 1,475 m de altura e 2,39 m de entre eixos.
Pesando 915 kg, o JAC J2 tinha apenas 121 litros no bagageiro e 35 litros no tanque. Sua estrutura era montada em aço estampado e tinha suspensão dianteira McPherson na frente e por eixo de torção na traseira.
Com estas características, ele estava apto a circular com desenvoltura no meio urbano.
Em 2012, com a JAC Motors já presente no mercado nacional.
Ela veio com uma chegada avassaladora, por conta da agressiva campanha de marketing liderada pelo apresentador Fausto Silva e o empresário Sérgio Habib, presidente da SHC e da JAC no Brasil.
Foi então que a marca lançou no país o subcompacto com a designação JAC J2.
Naquela época, a SHC tinha grande poder de influência sobre a JAC Motors na China, tanto que a atualização proposta para o mercado brasileiro acabou sendo adotada por lá também, assim como ocorreu com o J3 Sport, por exemplo.
Para termos uma ideia, o projeto do T40 foi bancado pela representante brasileira, dando origem ao JAC S2 na China.
Por aqui, o JAC J2 chegou não com motor 1.0, mas com o mesmo 1.4 usado pelo irmão maior, o J3.
Na verdade, trata-se do 1.3 usado na China, mas com 108 cavalos a 6.000 rpm e 14,1 kgfm a 4.500 rpm. Lá, ele tinha somente 99 cavalos.
Assim como ocorre até hoje, o subcompacto e seus irmãos sempre tiveram potência maior no Brasil. No país asiático, o modelo tinha opção de câmbio automático de cinco marchas.
JAC J2 – design
Ele tinha faróis simples e de lentes amendoadas, enquanto a grade era apenas uma pequena abertura na altura do conjunto ótico, tendo ali o logotipo da marca, que era bem parecido com o da Chrysler, sendo uma estrela de cinco pontas.
O para-choque era bem liso e apresentava vincos suaves e curvados na parte inferior, onde tinha uma grade central ampla e duas molduras laterais com faróis de neblina.
As colunas A retas avançavam sobre o teto curvado suavemente, fundindo-se. As portas dianteiras eram muito maiores que as traseiras, tendo retrovisores arredondados apoiados em suportes laterais.
A linha de cintura era bem baixa na frente e ia erguendo-se até as colunas C, que eram bem estreitas. O teto elevava-se um pouco junto à tampa do bagageiro, que possuía um defletor de ar proeminente.
As lanternas eram enormes, ovalizadas na parte inferior e subindo pelas colunas C até quase o teto. A vigia traseira tinha vidro grande, mas visibilidade real reduzida.
A tampa do porta-malas era pequena e alta, enquanto o para-choque do JAC J2 chinês era volumoso e tinha a parte inferior em preto com o suporte da placa.
Refletores ainda ocupavam a área do protetor. As rodas de liga leve aro 14 polegadas tinham cinco raios e aspecto atraente, não apelando para temas infantis, como no caso do Geely GC2 “Panda”.
No interior, o JAC J2 chinês apostava em tema circular, incluindo o cluster com mostradores redondos e emoldurados numa capa da cor da carroceria.
O console central, com rádio e CD player 1din, bem como comandos de ar condicionado, também era circular. Mais abaixo, ficavam os acionadores dos vidros elétricos das quatro portas.
As portas também tinham desenho chamativo, geralmente usando cores da carroceria e tons alegres. Elas tinham maçanetas ovalizadas, mas o espaço interno era bem pequeno para quem ia atrás.
O JAC J2 chamava atenção também por algumas peculiaridades, como difusor de ar superior ao centro do painel e sem ajuste, enquanto o porta-luvas não tinha tampa.
O volante de três raios com ajuste de altura era encorpado, mas sem comandos de áudio e mídia, por exemplo.
JAC J2 – preços
- JAC J2 2012 – R$ 20.324
- JAC J2 2013 – R$ 21.575
- JAC J2 2014 – R$ 24.947
- JAC J2 2015 – R$ 26.991
- JAC J2 2016 – R$ 32.028
Preços da tabela Fipe de janeiro de 2023.
JAC J2 – versão brasileira
Em 2012, o JAC J2 chegou ao Brasil, porém, com visual diferenciado.
O subcompacto importado pela SHC vinha com visual diferente, adotando uma grade superior maior e com logotipo da JAC acima dela. O para-choque ganhou vincos mais pronunciados.
O JAC J2 também adicionou acabamento preto às colunas, reforçando as linhas do carro. De resto, era igual ao vendido na China.
Por dentro, todo o acabamento era escuro, adotando alguns elementos imitando fibra de carbono no cluster, multimídia e outras partes. Os bancos tinham revestimentos e formatos exclusivos para o Brasil.
A SHC tinha uma equipe de inspeção de qualidade dentro da fábrica da JAC Motors em Hefei, província de Anhui, na região central da China.
Assim, o JAC J2 para o mercado brasileiro vinha com calibragem diferente de suspensão, motor mais possante e acabamento diferenciado, além de dezenas de modificações para atender às exigências por aqui.
Bem completo, vinha com CD player, ar condicionado, direção hidráulica, cintos laterais completos, rodas de liga leve exclusivas e de aro 14, freios com ABS e EBD, bancos com tecidos tipo antracite, volante ajustável, banco do motorista com ajuste de altura, vidros elétricos nas quatro portas, travas elétricas, retrovisores elétricos com ajuste recuado na porta, airbag duplo, faróis de neblina, entre outros.
O JAC J2 chegou em versão única e com garantia de seis anos, sem limite de quilometragem.
O diferencial maior para o chinês era mesmo o motor mais potente, o batizado 1.4 (1.3) de 108 cavalos e 14,5 kgfm. Com esse propulsor, o pequenino realmente andava muito, indo de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos e com máxima de 187 km/h.
No entanto, com pouco mais de 900 kg, o JAC J2 tinha relações de marcha muito longas para uso urbano, prejudicando as saídas e retomadas, apesar da boa média de aceleração, obtida em rotações mais altas.
O hatch até ficava instável em velocidades altas, indicando sua proposta para cidade e não estrada.
A estratégia de padronizar os modelos compactos com o mesmo motor foi bem acertada pela JAC Motors.
O propulsor de quatro cilindros seguiu com o JAC J2 até nova atualização do produto, que lhe acrescentou mais potência. Isso aconteceu em 2015, acompanhando assim o ciclo padrão de renovação de produtos do setor.
JAC J2 atualizado em 2015
Em 2015, a JAC Motors promoveu uma alteração no JAC J2. O subcompacto urbano de motor grande (para a proposta) passou a dispor de maior cavalaria para ampliar ainda mais a vantagem sobre os concorrentes.
Antes abastecido apenas com gasolina, o propulsor 1.4 passou a dispor da tecnologia flex para funcionar também com etanol.
Com isso, o motor 1.4 16V entregava 110 cavalos na gasolina e 113 cavalos no etanol. O torque ficou um pouco menor, sendo de 14,1 kgfm no derivado do petróleo e 14,4 kgfm no subproduto da cana-de-açúcar.
Esse aumento de potência resultou em queda no tempo de aceleração, caindo para 9,6 segundos, mas alcançando impensáveis 190 km/h.
Nesse caso, é muita velocidade final para um carrinho de 3,53 m e apelo totalmente urbano. Assim, o consumo caiu para 8,4/8,7 km/l no etanol, respectivamente cidade e estrada.
Na gasolina, o consumo ficou em 12,0/12,7 km/l, na mesma ordem. O modelo ganhou ainda pintura personalizada opcional, assim como novas rodas de liga leve aro 14 raiadas.
Os bancos em couro tinham acabamento em costura laranja e visual diferenciado, dando ao JAC J2 um aspecto mais elaborado e caprichado.
Assim, com o sobrenome JetFlex, o hatch citadino ficou mais atraente e ainda tinha um preço competitivo: R$ 35.990.
Fim de linha em 2016
O JAC J2 JetFlex seguiu o curso no mercado nacional, porém, com as vendas de carros pequenos em baixa e o aumento dos utilitários esportivos, Sérgio Habib viu a oportunidade de elevar as vendas da JAC Motors e para isso, decidiu investir em crossovers e SUVs, deixando de lado a gama de carros de passeios.
Numa rápida mudança de portfólio, a SHC eliminou em setembro de 2017, os modelos JAC J2 e J3, incluindo o sedã compacto J3 Turin. As últimas unidades do JAC J2 ainda eram 2016.
Na época, a empresa tinha outros planos para o futuro do J2. A ideia era trazer a versão aventureira, chamada S2 Mini na China e que aqui seria chamada de T20.
No entanto, a elevação dos custos de importação em virtude da variação cambial, mais as limitações do programa automotivo Inovar Auto, fizeram com que o projeto desse errado, ficando o T40 como o carro mais barato da JAC Motors.
Sem o JAC J2, a marca deixou de atuar num segmento que cresceria com a chegada do Renault Kwid e o reforço do Chery QQ (veja a opinião de dono).
O Fiat Mobi ainda hoje é um concorrente que venceu a crise e se mantém entre os carros mais vendidos.
JAC J2 no Paraguai como JAC S1
O JAC J2 não foi apenas uma boa aposta da JAC Motors no Brasil. O vizinho Paraguai aproveitou sua boa relação com a China para levar uma unidade de montagem em CKD para a região de Luque.
Bem diferente daqui, onde os planos de fábrica da JAC em Camaçari-BA falharam consideravelmente e ainda hoje se cogita a possibilidade de produção com CAOA ou HPE, os vizinhos latinos colocaram a mão na massa.
Lá, o JAC J2 passou a ser montado localmente pela empresa Reimpex, que construiu uma instalação para montagem com base num programa do governo nacional.
A produção começou em 2015, porém, atualmente apenas caminhões leves da JAC Motors Paraguay são feitos na empresa. Ainda assim, o JAC J2 continua a ser vendido por lá, mas na versão aventureira atual e com a designação S1.
Acesse nossos exclusivos: Canal do WhatsappeCanal do Telegram!
Os comentários estão encerrado.