Quem não se lembra do Fiat Tipo?
Talvez você logo pense no famoso problema de incêndio que o Fiat Tipo teve em nosso país, mas existe muito mais a falar a respeito do hatch, que chegou ao Brasil como modelo importado em 1993.
O Fiat Tipo nasceu na Europa em 1988 e esteve disponível aqui entre 1993 e 1997.
Vamos começar falando sobre a história do Fiat Tipo em nosso país e depois comentar sobre seu nascimento lá no velho continente.
Fiat Tipo chega no Brasil em 1993
Podemos dizer que as vendas do Fiat Tipo no mercado nacional “incendiaram” a concorrência e o próprio Tipo. Piadas à parte, o modelo teve um início tranquilo e era tido como um dos Fiat mais modernos da época.
Primeira leva importada
No início, o Fiat Tipo ainda vinha como importado da Itália, sendo apresentado por aqui em setembro de 1993 com carroceria de duas portas e posteriormente com a tradicional de quatro portas.
O esquema para trazer os modelos era simples, pois a Fiat aproveitava o mesmo navio que levava os modelos brasileiros para a Europa e na volta trazia várias unidades do Fiat Tipo ao mercado nacional a um preço extremamente competitivo, cerca de US$ 17 mil à época.
No começo, o Fiat Tipo vinha apenas na configuração 1.6 litro i.e, que não era muito luxuosa, mas trazia bons itens de série. A lista incluía o aclamado ar-condicionado, vidros e travas elétricos e até a opção de teto solar.
O acabamento interno do Fiat Tipo, diferentemente dos demais modelos à venda no mercado nacional, se concentrava mais nas cores claras, reforçando a exclusividade do modelo por aqui.
Seu estilo já era o mesmo do Fiat Tipo que acabara de receber o facelift no mercado europeu, o que significava que tínhamos um modelo em pé de igualdade com o mercado internacional.
O motor 1.6 litro do Fiat Tipo rendia 82 cavalos de potência e utilizava injeção monoponto, o que deixava o modelo cerca de 10 cavalos mais fraco que o Fiat Uno 1.6R, lançado pouco tempo antes.
Para tentar compensar o fato da única opção de motorização do Fiat Tipo ser mais fraca que o irmão menor, a marca apostava em outros mimos para o motorista.
O Fiat Tipo tinha luz de neblina na traseira, segunda chave para o manobrista (que não abria porta luvas e porta malas), banco do passageiro com memória de posição, tampa do porta malas com revestimento de plástico de alta resistência e um volante de quatro raios.
Após o grande sucesso inicial, a Fiat percebe que existe espaço para outras versões do hatch por aqui.
Com isso, ela decide importar o Fiat Tipo 2.0 litros em julho de 1994. A nova versão, chamada Tipo SLX, vinha com o moderno motor 2.0 de 109 cavalos – na Europa, ele rendia 115 cavalos – por conta da nossa gasolina batizada.
O torque ao menos era interessante, com 16 kgfm, levando o Fiat Tipo a uma velocidade máxima de 188 km/h.
Com essa nova versão, novos itens de série foram incorporados ao Fiat Tipo de quatro portas, como faróis de neblina, banco do motorista com ajustes de altura e de apoio lombar e retrovisores e para choques da cor da carroceria.
Para reforçar ainda mais o apelo esportivo do Fiat Tipo no país, a marca trouxe a versão Sedicivalvole, que significa dezesseis válvulas em italiano.
O Fiat Tipo Sedicivalvole era uma versão especial e mais equipada. O modelo usava um motor 2.0 litros de 16 válvulas que rendia bons 137 cavalos e torque de 18,4 kgfm.
Com esses números, o novo Fiat Tipo Sedicivalvole poderia alcançar a velocidade máxima de 204 km/h, tendo desempenho bem superior a concorrentes como o Volkswagen Golf GTI.
Para complementar o visual desse Fiat Tipo esportivo, novas rodas eram disponibilizadas, assim como saias laterais e um discreto filete vermelho que ajudavam a reforçar o aspecto esportivo do Tipo Sedicivalvole.
Segunda leva produzido aqui, em 1996
A segunda parte da história do Fiat Tipo se passa quando o modelo já havia saído de linha no mercado europeu e, por conta de uma nova alíquota imposta para produtos importados, a Fiat decidiu fabricar o modelo na sua planta em Betim, Minas Gerais.
No mercado europeu, o Fiat Tipo acabava de ser substituído pela nova dupla Brava/Bravo, enquanto o Tempra tinha sido trocado pelo Marea.
Em 1996, a marca decidiu que seria melhor continuar a vender o Fiat Tipo, só que agora nacionalizado, o que certamente diminuiria os custos de produção e o deixaria com um preço competitivo num mercado que agora estava cheio de modelos nacionais e importados.
O motor de estreia do Fiat Tipo depois da nacionalização foi o 1.6 litro, que ganhava a injeção multiponto e produzia 92 cavalos de potência. O Fiat Tipo também foi o primeiro nacional a ter de fábrica a opção do airbag para o motorista, cerca de semanas antes da Chevrolet anunciar o mesmo acessório para o Vectra.
Fora as novas rodas de liga leve, o Fiat Tipo ainda era idêntico à versão importada.
Os incêndios do Fiat Tipo
Depois de certo tempo, as unidades importadas do Fiat Tipo com motor 1.6 começaram a ter problemas no motor, o que ocasionava incêndios e pequenas explosões.
O Fiat Tipo ficou então marcado com essa má fama de carro que pega fogo, e a Fiat logo correu para ajustar o problema chamando cerca de 12 mil unidades para um recall de emergência.
Com esses e outros pequenos problemas que foram surgindo, o Fiat Tipo acabou amargando vendas cada vez mais baixas, se despedindo do mercado nacional em 1997.
Alguns atribuem essa queda aos incidentes com os incêndios, enquanto outros dizem que foi a queda de qualidade do modelo nacional perante o modelo importado que provocou essa situação. O que temos certeza é que o Fiat Tipo incendiou o mercado nacional, para o bem ou para o mal.
Fiat Tipo na Europa
Apresentado de forma oficial no mercado europeu em junho de 1988, Fiat Tipo veio para suceder o finado Fiat Ritmo, modelo que já estava no mercado há uma década. O novo Fiat Tipo tinha um design bem moderno e chegou até a ser considerado como uma versão bombada do Fiat Uno, devido à semelhança entre os dois.
Na Itália, seu maior mercado, o Fiat Tipo foi lançado com motores a gasolina, que iam do 1.1 litro até o 2.0 litros com 16 válvulas. Já para o diesel, as opções começavam com o 1.7 litro e iam até o 1.9 litro turbodiesel.
As potências começavam em 57 cavalos e chegavam até 146 cavalos na versão mais potente do Fiat Tipo. Muitos especialistas consideravam o motor 1.1 litro muito fraco para um carro que pesava cerca de 1.130 kg.
Mas tirando o fato do motor fraco, o Fiat Tipo se destacava perante seus rivais pelo amplo espaço interno e enorme área envidraçada, além dos bons acertos na suspensão e no câmbio.
O Fiat Tipo tinha medidas bem generosas para aquela época, com 3,95 metros de comprimento, 1,70 metros de largura e 1,44 metros de altura. Isso o fazia um concorrente direto de modelos como o Volkswagen Golf, Opel Astra e Kadett, Peugeot 306 e outros modelos.
A versão mais potente agora atenderia pelo nome de Sedicivalvole, que vinha com o motor 2.0 litros, apresentado em 1991 e que também ganhou mais equipamentos de série para se manter atraente antes de receber seu primeiro retoque de estilo em meados de 1993.
O Fiat Tipo ganhou um discreto facelift em 1993 e passou a ter uma nova opção de carroceria de três portas, o que lhe conferia um ar mais esportivo e elegante.
Por falar nisso, seu design agora ganhava um acerto na grade dianteira com pintura na cor da carroceria. Além disso, ele vinha com o logo das cinco barras laterais da Fiat em tamanho menor do que do modelo de 1988.
O para-choque dianteiro também ganhava um novo desenho, assim como as rodas e outros detalhes menores.
Antes de se despedir do mercado europeu, o Fiat Tipo recebeu a companhia de um sedan que por aqui ficou muito famoso, o Fiat Tempra. O irmão maior compartilhava muito com o hatch, inclusive o bom espaço interno e seu design cativante.
Assim como o Tipo, o Tempra ganhou também uma versão esportiva com o motor 2.0 litros e uma inédita versão duas portas, que reforçavam ainda mais o apelo esportivo do motor dividido com o hatch.
Além do modelo de duas e quatro portas, o sedan ainda recebeu a companhia de uma perua, que atendia pelo nome de Tempra SW, que inclusive no Brasil tinha um inédito painel digital na linha Tempra.
O Fiat Tipo saiu do mercado europeu em 1995, deixando o posto de hatch médio para o Fiat Brava/Bravo, enquanto o sedan Tempra saiu no ano seguinte, deixando o espaço vago para o derivado da linha Brava, que agora se chamava Marea.
O Marea também ganhou uma versão esportiva – só que com quatro portas – e uma versão perua, chamada Marea Weekend.
Ficha Técnica
Fiat Tipo 1.6 i.e 1995
Motor: transversal, quatro cilindros em linha
Cilindrada: 1.580 cm³, duas válvulas por cilindro, comando de válvulas simples no cabeçote, alimentação por injeção eletrônica monoponto
Potência: 82 cavalos a 5.750 rpm
Torque: 13,3 kgfm a 3.000 rpm
Câmbio: manual de cinco marchas, tração dianteira
Dimensões: 395 cm (comprimento); 170 cm (largura); 144 cm (altura); 254 cm (entre eixos)
Peso: 1.130 kg
Pneus: 175/65 R14
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