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Fiat Bravo (2010-2016): último hatch médio da marca no Brasil

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No apagar das luzes de 2016, um fato muito importante ocorreu em Betim-MG. O Fiat Bravo, lançado em 2010 no país, saía de linha e com ele morria o último modelo médio da marca italiana no Brasil.

O hatch foi desejado por muitos e viveu seis anos no mercado brasileiro, onde foi o automóvel de passeio mais caro da marca (não incluindo utilitário esportivo ou picape).

Último de uma linhagem de médios, que começou com o Tempra no Brasil, o Fiat Bravo sofreu com a política de redução de custos da empresa no país e chegou a ter duas motorizações. Em compensação, ganhou também versões chamativas para atrair o público e brigou por uma atualização mais profunda.

Então, como é a história do Fiat Bravo? Pois bem, o hatch médio tem uma história peculiar, visto que existiu em duas gerações na Europa e pode-se dizer que também no Brasil.

O Bravo brasileiro

Durante os três primeiros anos de produção, o Fiat Bravo foi exclusivo da produção italiana, mas aqui o Stilo já estava cansado. Assim, o hatch médio chegou em 2010, sendo feito naturalmente em Betim-MG.

Pouco antes de sua chegada, a empresa retirou do mercado o motor 1.9 a gasolina, que até então equipava o Linea.

Chegava um novo motor, o E.torQ. Este propulsor era fruto da atualização do antigo propulsor 1.6 da Tritec, que era uma empresa criada pela BMW e Chrysler para abastecer produtos como MINI Cooper e PT-Cruiser.

O Tritec era um motor 1.6 16V SOHC aspirado, onde entregava originalmente 116 cavalos e tinha uma opção com turbocompressor, que alcançava 160 cavalos.

Fiat Bravo – conheça seus problemas

Porém, na atualização, o E.torQ manteve a versão 1.6, agora com até 117 cavalos no etanol, mas era uma opção mediana, visto que um 1.8 16V SOHC surgiu com 130 cavalos na gasolina e 132 cavalos no etanol, entregando 18,4 kgfm no derivado de petróleo e 18,9 kgfm no vegetal.

O Fiat Bravo nunca recebeu o E.torQ 1.6 por aqui, mas o 1.8 se tornou motorização padrão no hatch.

Da mesma forma que na Europa, vinha também a opção Dualogic, que depois foi evoluída para Dualogic Plus.

O Fiat Bravo trouxe também a versão T-Jet com o mesmo motor 1.4 16V com turbocompressor e intercooler, que entregava 152 cavalos e 23,4 kgfm, já usados nos Punto e Linea. O câmbio era manual nessa versão, que nunca teve opção automática.

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Ao Brasil, o Fiat Bravo foi nacionalizado e oferecido nas versões Essence e Absolute.

Era bem equipado nesta última, tendo computador de bordo, rodas de liga leve aro 16, direção assistida, ar-condicionado automático dual zone, trio elétrico, faróis de neblina, bancos em couro, teto solar elétrico e panorâmico opcional, volante multifuncional, piloto automático, entre outros.

O hatch tinha acabamento bom, mas o espaço atrás era pequeno, visto que ele tinha apenas 2,60 m de entre-eixos. Com 400 litros no porta-malas, vencia fácil os concorrentes nesse aspecto. A suspensão era mais rígida para dar uma pegada mais esportiva, mas isso prejudicava o conforto sobre vias irregulares.

Além disso, embora fosse novo, o motor E.torQ 1.8 de até 132 cavalos já se mostrava limitado para os mais de 1,3 mil kg do Fiat Bravo. Afinal, tratava-se de um propulsor aspirado e com torque máximo em rotação elevada. O câmbio de cinco marchas era um pouco longo nas marchas altas, visto que foi encurtado nas mais baixas para dar uma saída mais esperta no dia a dia do trânsito.

Como era um hatch médio, o Fiat Bravo não poderia ficar à mercê de um baixo rendimento ao volante, por isso tinha direção com modo City, para melhorar as respostas, além de freios a disco nas quatro rodas com ABS.

O modelo também tinha airbags para motorista e passageiro.

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Mas, mesmo com essa pegada mais “ágil”, o Fiat Bravo pedia algo mais e a marca já reconheceu isso antes do lançamento, preparando a versão T-Jet, que chegou meses depois das duas primeiras. A opção esportiva não trouxe vendas mais pomposas para o hatch, que sempre ficou abaixo do esperado pela Fiat. A questão é que na época (2011), os sedãs ainda eram preferência no segmento médio.

Apesar de vender pouco, o Fiat Bravo manteve-se no mercado e a T-Jet virou opção de imagem, entrega 152 cavalos e indo de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos. Era uma opção interessante pela força do propulsor, mas carecia de uma injeção direta de combustível.

Tinha seis marchas no câmbio manual, onde podia-se extrair bem os 21,1 kgfm de torque a 2.250 rpm.

Equipado com rodas de liga leve esportivas aro 17 polegadas com pneus 215/45 R17, o Fiat Bravo T-Jet era um carro que agradava pela performance, embora de fato não fosse moderno.

A arrancada era vigorosa e como era um esportivo manual, não se ressentia em entregar algo a mais quando exigido, através do modo Overboost. Porém, os engates não eram tão precisos e macios, o lado ruim da história.

Se ele ia bem no T-Jet, sofria no Dualogic. O Fiat Bravo sofreu em vida com o câmbio automatizado, que simplesmente matava o já ruim E.torQ 1.8 (ainda sem o Evo de melhor resposta), cortando muito do atendimento do propulsor durante as trocas, já que precisava acionar a embreagem automaticamente.

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Além disso, havia demora nas mudanças necessárias e quando se afundava o pé para acelerar, aí é que o Dualogic não respondia mesmo, deixando o E.torQ abandonado na função de impulsionar o Fiat Bravo.

A única saída para andar um pouco melhor erausar e abusar do modo manual, que incluía paddle shifts.

Mas aí, perdia-se a vantagem de ser automatizado. No geral, a letargia do Dualogic atrapalhava o bom andamento do carro, mas para quem não podia dispensar uma automação e queria tê-lo na garagem, não havia outra opção.

Em 2015, o Fiat Bravo ganhou uma versão 2016, que substituiu a 2014. Ou seja, não teve de fato uma 2015. O hatch já dispunha da versão Sporting, que trazia um apelo maior em termos visuais que a própria T-Jet, que só abusava das faixas decorativas anteriores. Mas, não era apenas isso, o modelo veio com a Blackmotion, com tudo em preto para atrair mais os clientes que desejam um estilo mais exclusivo.

Basicamente a oferta era das versões Essence, Sporting, Blackmotion e T-Jet. O Fiat Bravo já estava com os dias contados, mas poucos sabiam disso. A mudança de ano/modelo também trouxe um visual novo na frente, ostentando grade diferenciada com friso cromado e aplique preto no lugar da placa.

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O para-choque também foi alterado para ficar mais fluído e elegante. As lanternas com molduras pretas chamavam atenção, mas num carro vermelho, chegavam a ser engraçadas. A suspensão era bem alta, mas ainda era bem estável, porém, permitia algum conforto. As mudanças iam para o acabamento e equipamento.

Isso tudo não ajudou a salvar o Fiat Bravo do fim certo. Um ano depois, o hatch agonizava com vendas de menos de 3 mil unidades em 2016. Nesse período, a Fiat começou a organizar um corte enorme em seu portfólio de produtos no Brasil e o hatch médio estava na lista. No fim desse ano, o modelo silenciosamente saiu de cena.

Com ele, a Fiat simplesmente jogou a toalha após anos tentando emplacar modelos médios no Brasil. Foi vitoriosa com o Tempra, o mesmo com o Tipo, mas só até virar nacional. O Marea foi um fracasso, embora o Stilo nem tanto. Por fim, o Bravo já nasceu fraco em termos comerciais e não poderia ir além.

Lá fora, o Bravo foi trocado por um novo Tipo compacto “grande” sem qualquer apelo premium, inferior até mesmo ao Punto. Aqui, a Fiat mandou tudo para os ares, incluindo Linea, Punto e Palio, colocando o bom Argo – apesar de ser pequeno – como única opção hatch mais elaborada.

fiat bravo 1

Fiat Bravo – versões

  • Fiat Bravo Absolute (2011 a 2012)
  • Fiat Bravo Absolute Dualogic (2011 a 2014)
  • Fiat Bravo Essence (2011 a 2016)
  • Fiat Bravo Essence Dualogic (2011 a 2016)
  • Fiat Bravo Sporting (2013 a 2016)
  • Fiat Bravo Sporting Dualogic (2013 a 2016)
  • Fiat Bravo Blackmotion (2015 a 2016)
  • Fiat Bravo Blackmotion Dualogic (2015 a 2016)
  • Fiat Bravo Wolverine (2014)
  • Fiat Bravo Wolverine Dualogic (2014)
  • Fiat Bravo T-Jet (2011 a 2016)

Fiat Bravo – preços

  • Fiat Bravo Absolute – R$ 34.250 (2011) a R$ 35.495 (2012)
  • Fiat Bravo Absolute Dualogic – R$ 34.590 (2011) a R$ 42.195 (2014)
  • Fiat Bravo Essence – R$ 31.527 (2011) a R$ 50.889 (2016)
  • Fiat Bravo Essence Dualogic – R$ 32.921 (2011) a R$ 51.297 (2016)
  • Fiat Bravo Sporting – R$ 45.820 (2013) a R$ 60.652 (2016)
  • Fiat Bravo Sporting Dualogic – R$ 45.956 (2013) a R$ 60.745 (2016)
  • Fiat Bravo Blackmotion – R$ 47.411 (2015) a R$ 53.893 (2016)
  • Fiat Bravo Blackmotion Dualogic – R$ 50.042 (2015) a R$ 53.956 (2016)
  • Fiat Bravo Wolverine – R$ 42.478 (2014)
  • Fiat Bravo Wolverine Dualogic – R$ 43.450 (2014)
  • Fiat Bravo T-Jet – R$ 39.958 (2011) a R$ 67.950 (2016)
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Autor: Ricardo de Oliveira

Técnico mecânico, formado há 27 anos. Há 16 anos trabalha como jornalista no PG jogos, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X

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