Em 1986, a BMW muda completamente o panorama dos carros esportivos no mercado mundial. A marca lança um modelo denominado com apenas uma letra e um número, mas que se tornaria emblemático para sempre: o BMW M3.
Neste artigo, contaremos um pouco da carreira do BMW M3, modelo que surgiu da necessidade das pistas e acabou por se tornar referência num segmento muito importante ainda em nossos dias, mesmo sob a ameaça real dos carros elétricos.
O BMW M3 surgiu em época gloriosa, onde tudo parecia possível e onde o purismo era parte essencial da maioria dos motoristas.
A partir dali, o BMW M3 viveu através de cinco gerações, sendo que a mais recente perdeu parte da identidade ao dividir-se, é verdade, mas ainda assim seu DNA se mantém.
Feito para quem realmente gostava de acelerar, o BMW M3 empolga motoristas novos e antigos, mesmo partindo do agora clássico E30 até o mais atual G80/G81.
BMW M3 – preços
- BMW M3 Coupe 3.0 1991 – R$ 15.333
- BMW M3 Coupe 3.0 1992 – R$ 19.018
- BMW M3 Coupe 3.0 1993 – R$ 24.000
- BMW M3 Coupe 3.0 1994 – R$ 27.942
- BMW M3 Coupe 3.0 1995 – R$ 35.172
- BMW M3 3.2 1996 – R$ 34.344
- BMW M3 3.2 1997 – R$ 37.715
- BMW M3 3.2 1998 – R$ 45.709
- BMW M3 3.2 1999 – R$ 52.529
- BMW M3 3.2 2000 – R$ 66.246
- BMW M3 3.2 2001 – R$ 87.113
- BMW M3 3.2 2002 – R$ 96.237
- BMW M3 3.2 2003 – R$ 98.951
- BMW M3 3.2 2004 – R$ 105.759
- BMW M3 3.2 2005 – R$ 110.012
- BMW M3 3.2 2006 – R$ 119.224
- BMW M3 4.0 2008 – R$ 194.641
- BMW M3 4.0 2009 – R$ 209.208
- BMW M3 4.0 2010 – R$ 227.824
- BMW M3 4.0 2011 – R$ 290.769
- BMW M3 4.0 2012 – R$ 298.968
- BMW M3 4.0 2013 – R$ 328.360
- BMW M3 3.0 Biturbo 2015 – R$ 333.484
- BMW M3 3.0 Biturbo 2016 – R$ 386.938
- BMW M3 3.0 Biturbo 2017 – R$ 397.849
- BMW M3 3.0 Biturbo 2018 – R$ 470.364
- BMW M3 Competition 3.0 2021 – R$ 757.776
- BMW M3 Competition 3.0 2022 – R$ 782.641
- BMW M3 Competition 3.0 2023 – R$ 814.596
Preços da tabela Fipe de janeiro de 2023.
Primeira versão da BMW M3
Para disputar a categoria A do campeonato de carros da turismo da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), a BMW teria que criar um carro esportivo que correspondesse em vendas ao mínimo exigido pela entidade, a fim de poder colocar um carro no grid do mundial.
A FIA determinava que os carros tinham de ter um mínimo de mudanças e 5.000 unidades vendidas em um ano.
Assim, a divisão Motorsport da BMW desenvolveu um novo carro esportivo, batizado de BMW M3. Derivado do Série 3 E30, o bólido surgiu em Frankfurt no ano de 1985, contando com um visual anabolizado.
Montado na carroceria cupê, o BMW M3 tinha para-lamas abaulados, rodas de estilo BBS, para-choque com spoiler integrado e faróis de neblina, grade integrada aos quatro faróis circulares com o desejado logotipo M3, protetor envolvente traseiro, escape duplo, aerofólio na tampa do porta-malas, lanternas cheias, retrovisores integrais e aquela aura mágica de todo esportivo dos anos 80.
Por dentro, a BMW M3 tinha instrumentação analógica completa (como era típico da época) em vermelho, volante de três raios e alavanca bem posicionada para melhor manejo. Com bancos esportivos envolventes e aquela sobriedade latente dos alemães, a BMW M3 já era um carro tão desejado quanto hoje.
Na mecânica, mudanças importantes o consagraram. Os faróis de neblina escondiam entradas de ar extras para resfriamento dos discos dianteiros.
A suspensão da BMW M3 ganhou calibragem mais rígida com o emprego de barras estabilizadoras maiores, alumínio nos suportes dianteiros, freios redimensionados, buchas mais duras e rolamentos especiais, entre outros.
O BMW M3 E30 mantinha a boa tração traseira, mas com diferencial de deslizamento limitado em 25% e com um câmbio manual de cinco marchas da Getrag, que tinha relações específicas para o esportivo, assim como o emprego de um motor que correspondesse às exigências.
Esse era o S14, que tinha o bloco de quatro cilindros M10 2.3 usado no Série 3, mas com o cabeçote do M88 de seis cilindros, evidentemente com apenas quatro.
O propulsor aspirado naturalmente, mas dotado de injeção eletrônica, entregava 195 cavalos e o fazia ir de 0-100 km/h em 6,9 segundos, com máxima de 235 km/h.
Sem catalisador, a cavalaria subia para 215 em 1989, embora o BMW M3 Evolution “EVO 1” tivesse feito 200 cavalos antes.
No decorrer de sua vida, recebeu outros upgrades, como o BMW M3 Evolution “EVO 2”, que para poupar peso, tinha vidros laterais e traseiros mais finos, além de mudanças nos spoilers e asa traseira. Este tinha também rodas aro 16 polegadas, bem como motor 2.3 S14 com 220 cavalos.
O BMW M3 Evolution “EVO 3” já assumiu o motor S14 com 2.5 litros e nada menos que 238 cavalos, capazes de levar o bólido à 249 km/h, acelerando de 0 a 100 km/h em 6,1 segundos.
O Sport Evolution tinha a mesma cavalaria, mas surgiu apenas no conversível. Sim, pouco tempo depois, o “descapotável” também entrou para a família BMW M3, assim como o sedã de quatro portas.
A BMW chegou a desenvolver uma perua BMW M3 Touring, mas desistiu de coloca-la no mercado, para tristeza dos puristas, que lamentam até hoje.
Isso fez com que muitos deles convertessem a versão 323 (em sua maioria) para M3, o que compensou em parte essa perda. O clássico BMW M3 E30 foi fabricado até o começo de 1992 com 16.202 carros produzidos na Alemanha e África do Sul.
Uma estranha picape foi desenvolvida, mas não vingou.
BMW M3 E36
Se sucesso do BMW M3 E30 fez a BMW decolar nos anos 80, isso simplesmente se multiplicou ainda mais no E36. A geração do Série 3 que chegou ao Brasil após a abertura das importações, é considerada pelos entusiastas e puristas a melhor do modelo até hoje.
Não por acaso, parte disso se deve também ao BMW M3.
Com 4,43 m de comprimento na versão padrão (mais abaixo saiba o motivo) e 2,70 m de entre-eixos, o BMW M3 E36 era maior que o anterior e igualmente mais poderoso, visto que o cofre foi bem ampliado para caber um bloco de seis cilindros em linha.
Este era o S50 aspirado, que tinha 3.0 litros e entregava 286 cavalos, limitado em 240 nos EUA. Ele tinha o famoso comando variável de válvulas “VANOS”.
O câmbio podia ser manual ou automático, ambos de cinco marchas, sempre com tração traseira, mas nos dois primeiros anos oferecido apenas na carroceria cupê por causa do M5.
Note aí a grande influência que o BMW M3 já exercia sobre o irmão maior. A versão sedã e a conversível surgiram apenas durante uma ausência de quase três anos do BMW M5, algum tempo depois.
Embora fosse essencialmente feito na Alemanha (e África do Sul), o BMW M3 – assim como a Série 3 – desta geração, passou a ter versões específicas para o mercado americano, as primeiras que chegaram ao Brasil, por exemplo.
O BMW M3 americano era mais fraco, tinha 240 cavalos e não baixava de 6 segundos no 0-100 km/h.
Quando surgiu o propulsor S52 3.2 no lugar do S50 em 1996, o BMW M3 americano manteve os mesmos 240 cavalos do anterior, enquanto o europeu já atingia 321 cavalos e 35,7 kgfm.
Porém, o torque subia para 32,5 kgfm no voltado aos States. Esse motor maior significou a introdução do câmbio manual de seis marchas e o semi-automático com o mesmo número de velocidades.
BMW M3 Lightweight
Para competir com o Porsche 911 nas pistas, os pilotos da equipe BMW de turismo pressionaram a marca para criar uma versão específica para essa tarefa, o que fez surgir o exclusivo BMW M3 Lightweight.
Essa versão mais leve do BMW M3 E36 era maior em comprimento (4,52 m) e tinha 1 cm a mais de entre-eixos.
Mas também cortava quase tudo para perder peso e isso incluía até ar-condicionado, assim como teto solar, rádio, couro dos bancos e outros revestimentos e itens que não eram considerados necessários.
Porém, o BMW M3 Lightweight tinha de ser oferecido aos consumidores como parte das exigências da FIA. Foram feitas também modificações na geometria da suspensão, rodas aro 17 especiais, diferencial, câmbio, ECU, etc.
Até hoje, não se sabe quantos BMW M3 Lightweight. Acredita-se que em torno de 125, segundo entusiastas, sendo que 116 foram parar nas mãos de clientes. Sabe-se, porém, que dois deles não eram de fato parte do lote, os carros de imprensa. Alguns exemplares foram para os EUA.
O BMW M3 E36 também teve versões GT e GT2 com modificações específicas e lotes limitadas a 356 e 200 unidades, respectivamente.
Porém, apenas o BMW M3 R chegou a ser o mais potente de todos com 326 cavalos no motor S50B32, que tinha volume maior que o S52, mas ainda considerado um 3.2. Esse propulsor encerrou a carreira gloriosa desta geração da BMW M3, que teve 71.242 produzidos até 1999.
A BMW também desenvolveu um BMW M3 Compact para comemorar os 50 anos da revista alemã Auto Motor und Sport, feito sobre o 318i Compact.
Ele tinha a mesma mecânica e preparação do mais recente BMW M3 em 1996, o que significava ter o seis em linha S52 3.2 com 321 cavalos e um câmbio manual de seis marchas.
Foi outra versão lamentada pelos entusiastas, pois só teve um exemplar feito.
BMW M3 E46
Se o E36 é querido pelos fãs do BMW M3, o E46 não fica muito atrás. O cupê esportivo surgiu na virada do século com linhas fluídas e um aspecto mais musculoso. Essa geração poderia ser considerada a mais purista, pois não houve um sedã de quatro portas, apenas cupê e conversível.
Com 4,49 m de comprimento e 2,73 m de entre-eixos, o BMW M3 E46 apareceu em 2000 com um novo motor seis em linha 3.2 S54 de nada menos que 343 cavalos e 37 kgfm, montado com uma caixa manual de seis marchas ou semi-automática Drivelogic.
Tendo toda a força nas rodas traseiras, o novo BMW M3 do ano 2000 precisava de 5,1 segundos para atingir 100 km/h no cupê e 5,5 no conversível.
Porém, a BMW já limitava a máxima em 250 km/h.
Desta vez, o consumidor americano não ficava para trás na oferta de poder do BMW M3, que entregava 338 cavalos e 36,5 kgfm de torque, suficientes para que o manual fizesse de 0 a 96 km/h em apenas 4,8 segundos.
Após anos, o modelo para os EUA tinha desempenho igual ou melhor que o BMW M3 europeu.
O BMW M3 E46 tinha uma programação eletrônica de aceleração e cortava o giro em 8.000 rpm. O semi-automático Drivelogic, por exemplo, usava paddle shifts para as trocas manuais, dispensando o pedal de embreagem.
Em 2004, surgia o BMW M3 CSL, que empregava diversas partes feitas com materiais mais leves como fibra de carbono e plásticos compostos, a fim de reduzir o peso em ótimos 110 kg.
O BMW M3 CSL também ganhou alguns cavalos a mais no motor 3.2 e recebeu outras modificações, como o emprego de rodas aro 19 polegadas.
O bólido, no entanto, não foi o mais potente da época. A BMW seguiu o mesmo curso do M3 Lightweight anterior, ao criar o BMW M3 GTR. Feito para as pistas, era bem mais leve e poderoso, já que não usava um seis em linha.
BMW M3 E92 e derivados
Em 2007, o BMW M3 chegava à geração E92, mas a marca alemã começou a prática de designar diferentemente as carrocerias e assim o sedã – que retornou ao bólido – passou a ser o E90 e o conversível ficou com a designação E93.
Essencialmente, o esportivo continuava a ter o cupê como carro-chefe.
Com 4,60 m (no cupê) de comprimento e 2,76 m de entre-eixos, o BMW M3 E92 surgiu com o V8 S65B40 que tinha 420 cavalos e 40,6 kgfm.
O câmbio inicialmente era manual de seis marchas e o automatizado de dupla embreagem M-DCT só apareceu no ano seguinte. Com ele, o cupê esportivo ia de 0 a 100 km/h em 4,6 segundos, embora o BMW M3 americano tenha feito 0 a 96 em 3,9 segundos.
Pela primeira vez, o BMW M3 automatizado era mais rápido que o manual, graças à dupla embreagem.
Essa geração E92 incorporou diversas partes em fibra de carbono, incluindo o teto, fruto do anterior M3 CSL, reduzindo enormemente o peso, embora o E93 tenha acrescentado 200 kg à rigidez torcional.
O BMW M3 ZCP Competition, por exemplo, começou a acrescentar computação no ajuste do chassi, tornando a suspensão adaptativa de acordo com as condições de pista, algo se tornaria comum daí em diante.
Isso permitia que motoristas comuns pudessem obter conforto ao dirigir fora das pistas, mas também conseguiam um máximo de performance quando se transformavam em pilotos.
Já o BMW M3 GTS foi o primeiro a empregar o V8 S65B44 com 4.4 litros e nada menos que 450 cavalos.
Além disso, o que fazia dessa versão algo especial era que seu peso era 300 kg menor do que o BMW M3 comum. Isso significava fazer o 0 a 100 em apenas 4,4 segundos, mas apenas 135 unidades foram feitas e vendidas, todas cupês.
O BMW M3 sedã teve 67 exemplares da série CRT, que cortava 70 kg de peso e fazia o mesmo tempo do M3 GTS.
Séries especiais foram distribuídas em quatro regiões, sendo a “DTM Champion Edition” para a Europa, a Frozen para o mercado sul-africano, a Lime Rock Park para os EUA e a Limited Edition 500 para o Reino Unido.
Em 2011, o BMW M3 sedan saiu de cena mais uma vez, enquanto o M3 Coupé continuou até 2013, quando a geração seguinte do Série 3 já estava no mercado. A BMW também insistiu numa picape conceitual.
BMW M3 F80, M4 e um quase fim
Apesar do BMW M3 ter no cupê sua essência como estilo, a marca alemã estranhamente tirou dele essa carroceria na geração F80.
Lançada em 2014, a quinta geração da BMW M3 chegou apenas na forma do sedã de quatro portas. Agora, com 4,67 m de comprimento e 2,81 m de entre-eixos, o esportivo tem no motor S55B30T0 a volta do seis em linha, mas 3.0 e com dois turbos.
Assim, ele entrega 431 cavalos e 55,9 kgfm, geralmente empregando a caixa M-DCT de dupla embreagem com sete marchas, embora também tenha recebido versão manual de seis marchas.
Com isso, ele “voa” a 100 km/h em 4,1 segundos. No pacote Competition, o tempo cai para 4 segundos e sempre com a M-DCT.
O BMW M3 CS surgiu em 2017 com 460 cavalos e 61 kgfm, tendo ainda um corte de peso de 50 kg, empregando o sistema de injeção de água na combustão para melhorar o rendimento e reduzir as emissões, que seriam fatais para o icônico esportivo.
Para compensar os clientes e puristas, a BMW designou os cupê e conversível como BMW M4, que são essencialmente o M3 nestas carrocerias.
Mas, como falamos mais acima, as emissões quase venceram o M3.
Em fevereiro de 2018, a BMW fez algo impensável na visão dos puristas ao decretar o fim do M3 F80, por causa das restrições ambientais do ciclo WLTP. Mas depois a marca decidiu continuar a produção, visto que um substituto só chegaria em 2020. O M4 continua também…
A nova geração do BMW M3
Em setembro de 2020, a nova geração do BMW M3 surgiu na Europa, fazendo sua estreia mundial ao lado do BMW M4.
Ambos não deixaram de lado a nova (e muito polêmica) grade dianteira, mas também vieram com diversos pontos positivos.
A versão Competition chegou com motor 3.0 de 6 cilindros em linha e biturbo, despejando incríveis 517 cv e 66,3 kgfm de torque.
O câmbio automático tem 8 marchas. Além disso, o esportivo tem a tração integral opcional, que permite ao motorista andar apenas com a tração traseira também.
Outras novidades mecânicas são a suspensão adaptativa M, eixos exclusivos, sistema de freios com configurações personalizadas, entre outros.
A chegada do BMW M3 ao Brasil ocorreu em abril de 2021, quando o alemão veio nas versões Competition e Competition Track.
Com o mesmo motor citado acima, ambos aceleram de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos e tem máxima de 290 km/h.
A versão Competition Track, que custa R$ 849.950 (contra R$ 757.950 da Competition), vem com freios de carbono-cerâmica, capas dos retrovisores, aerofólio, apliques nos para-choques e bancos concha em fibra de carbono, pneus semi-slick, rodas pintadas em preto e faróis M Shadow Line.
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